Peça do bimestre - novembro/dezembro
A história desta peça reveste-se de acontecimentos que particularizam a relação entre sagrado e profano.
No início do século XX dois jovens da Erra pediram ao pai, Joaquim Vidigal Pais, que lhes oferecesse um potro. Ao constatarem que o seu desejo não seria atendido, os dois irmãos, Arnaldo e Pedro Vidigal Pais, cortaram uma das orelha desta imagem de Nossa Senhora como represália pelo sucedido. Uma análise mais atenta torna visível a mutilação da peça, resultado de uma espécie de castigo infligido pelos dois rapazes, expressão clara do seu desagrado e culpabilização desta entidade sagrada pelo seu infortúnio.
Dada a proveniência da peça, a casa de uma família da Erra, pode aventar-se que se tratará de uma Nossa Senhora do Vale. Todavia, se atualmente a imagem se apresenta sem qualquer atributo que lhe especifique a identidade, pode em tempos, segundo informação oral, ter sido acompanhada por um Menino Jesus, o que indicia poder trata-se de uma imagem de Nossa Senhora do Castelo. Em todo o caso, a indefinição quanto à sua verdadeira identidade não subtrai à peça o seu carácter sagrado.
Propriedade de Margarida Vidigal Pais
A imagem pertenceu a Joaquim Vidigal Pais, casado com Narcisa Conceição Durão Machado. O casal teve nove filhos, dos quais sete atingiram a idade adulta. A casa, então propriedade da família, localizava-se na Rua de São Francisco, na Erra, onde ainda hoje é conhecida como a casa dos Vidigal Pais.
Atualizado em 23-11-2021