Entre Gestos e Palavras - da Natureza à Cultura
Entre Gestos e Palavras – Da Natureza à Cultura
Esta exposição abordou de forma simples mas não menos elaborada, quatro aproximações aos elementos universais – Terra, Água, Fogo e Ar – onde a história do Homem é a história de uma interação entre a Palavra e o Gesto, entre o Gesto e a Técnica, em que tanto uma como outra são postas em evidência e funcionamento na adaptação do Homem ao ambiente continuamente modificado por ele.
A técnica permite ao homem transformar o ambiente, extrair dele os materiais necessários para fabricar produtos – toda uma cultura material composta de artefactos. E entendendo a técnica como a combinação de gestos cada qual dotado de autonomia operatória e de significado ou, pelo contrário, como uma cadeia operatória estruturada que, portanto comporta conhecimentos anteriores, posteriores e colaterais a um determinado ato.
Nos primeiros três núcleos da exposição – três matérias primas eleitas – Cortiça, Vime e Barro em que resultará como produto final – um cocho, um cesto e uma panela através de uma combinação generosa de gestos dotados de autonomia e de imaginação – cumprindo uma majestosa aproximação ao par dicotómico Gesto/Técnica e uma efetiva aproximação ao elemento natural...
Se a história do homem é o resultado de uma conjugação entre gestos e técnicas, também o é entre gesto e palavra.
E com esta certeza, o Ar como elemento natural é aqui abordado na simbólica do Verbo-Palavra. Assim no último núcleo da exposição poderá desfrutar de uma leitura de textos de literatura oral tradicional e que de forma subtil nos ilustram a forma como o ambiente, a fauna, e a flora são apropriados e conjugados em versos, adágios, rezas e cantigas e superstições locais; ao mesmo tempo que poderá observar tal como nos últimos três núcleos anteriores uma sequência de gestos dotados de autonomia, apresentados numa dimensão ligada ao par dicotómico Gesto/Palavra.
Os elementos – terra, água, fogo e ar, estão distribuídos de forma equilibrada. Os dois primeiros pertencentes à conceção universal feminina e os dois últimos à concepção masculina, da simbólica universal.
Antagónicos, mas complementares estão separados por uma subtil passagem de um pôr do sol a um nascer do sol, cumprindo assim a ideia de ciclicidade, sugerindo uma equação perfeita, em que cada espaço como unidade autónoma não é mais do que um elo de coerência que se pretende transmitir do início ao fim da exposição.
Atualizado em 25-11-2021